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Neurologia

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Edema cerebral: causas, riscos e tratamentos

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Dra. Ana Carolina Andorinho - Neurologista - MédicaAtualizado em 11/01/2024
Edema cerebral: causas, riscos e tratamentos

Nosso cérebro está dentro de uma caixa óssea chamada calota craniana, que também abriga o líquido cefalorraquidiano (LCR), cujo objetivo é evitar lesões de impacto associadas a movimentos e pequenos traumas físicos. Produzido por estruturas do próprio cérebro, o LCR tem aspecto semelhante à água e acompanha toda a estrutura, circulando a sua volta e pelo seu interior, em paralelo aos vasos sanguíneos. Dessa forma, também contribui para a passagem de nutrientes, bem como para a eliminação de toxinas provenientes do metabolismo dos neurônios.

Em resumo, sabemos que dentro da estrutura óssea rígida devem estar acomodados o cérebro, o sangue e o LCR. Uma vez que o limite externo é inflexível, qualquer aumento de volume causará alta da pressão intracraniana e provocará consequências para a funcionalidade do nosso cérebro. O edema cerebral é uma das condições que contribui para esse aumento, e nós convidamos a Dra. Ana Carolina Andorinho, neurologista do Hospital São Lucas Copacabana, para responder às principais dúvidas sobre o problema. Confira abaixo.

O que é edema cerebral?

O edema cerebral é caracterizado por um inchaço no cérebro causado por um aumento do volume de líquido no tecido cerebral.

“Esse aumento pode ocorrer dentro das próprias células neuronais, ao seu redor ou ao longo do trajeto do LCR. Independentemente do compartimento onde se dá o surgimento do líquido extra, esse acúmulo deriva do maior fluxo que chega ou da maior dificuldade de drenar ou, ainda, de ambos: fluxo elevado e eliminação insuficiente", complementa a médica.

Quais são os tipos de edema cerebral?

O edema cerebral se divide nos seguintes tipos:

Edema cerebral vasogênico

Segundo a Dra. Ana Carolina, é causado por condições que elevam a quantidade de sangue que chega ao cérebro, como acontece em processos inflamatórios em que os vasos de origem arterial recebem maior fluxo de sangue e ficam com suas paredes dilatadas e permeáveis, deixando 'escapar' líquido abundante em moléculas inflamatórias.

“Esse líquido se distribui pelos canais do LCR que permeiam o cérebro e 'inundam' o espaço que cerca as células neuronais (dos neurônios) vizinhas. Os processos inflamatórios são focais, como em caso de tumores e abscessos; ou generalizados, como na meningite e nas intoxicações", explica.

O edema vasogênico também ocorre quando – por conta de tromboses venosas, por exemplo – os vasos de sangue venoso (nossa via de saída) ficam obstruídos.

Edema cerebral citotóxico ou celular

O acúmulo de líquido pode ocorrer, também, dentro das próprias células neuronais. Nesses casos, são elas que param de funcionar adequadamente e deixam de eliminar sódio e água, que passam a se acumular no seu interior. Todo esse processo de “expulsão" demanda energia e por isso, esse tipo de edema cerebral pode ocorrer após a isquemia cerebral, quando as células estão privadas de oxigênio e de energia para trabalhar.

Edema cerebral osmótico

O “entupimento" celular pode também ocorrer por desequilíbrio osmótico, como quando há baixo sódio no sangue, pois comparado ao sangue, nesse contexto, o ambiente celular tem maior concentração do nutriente. Por consequência, a água que vem pela parede do vaso e passa pelo LCR é atraída como um ímã para dentro dos neurônios, em um fluxo maior do que o normal.

Quais são as causas do edema cerebral?

As causas do edema cerebral são diversas. Entre as principais, podemos destacar:

  • Abuso de drogas ilícitas;
  • Acidente Vascular Cerebral (AVC);
  • Baixa concentração de sódio no organismo (hiponatremia);
  • Hipoglicemia;
  • Hipóxia (baixa concentração de oxigênio);
  • Meningite/encefalite;
  • Pré-eclâmpsia;
  • Traumatismo craniano;
  • Tumores.

Quais os riscos de edema cerebral nos esportes de altitude?

A aclimatação é um processo de adaptação do organismo às mudanças de clima e altitude. Para evitar danos à saúde, praticantes de montanhismo e snowboard, por exemplo, devem iniciar a atividade física gradualmente para que o cérebro tenha tempo de se ajustar às demandas de oxigênio, sem precisar aumentar subitamente o fluxo sanguíneo cerebral. Caso contrário, teremos maior volume de sangue e em menos tempo do que seria suportado dentro da calota, semelhante ao que ocorre em inflamações.

“Pessoas não-aclimatadas que sobem de altitude muito rapidamente podem sofrer edema cerebral e apresentar dor de cabeça, náuseas, tonturas, perda de apetite, mal-estar e distúrbios do sono. Para evitar isso, atletas como jogadores de futebol chegam ao local dias antes de uma partida", detalha a médica.

Caso os esportistas não sigam as orientações, há risco de edema cerebral e hipertensão intracraniana, que podem se manifestar das seguintes formas:

  • Cefaleia;
  • Dificuldade para andar;
  • Falta de coordenação motora;
  • Pensamento e movimentos mais lentos;
  • Vômitos;
  • Alteração do nível de consciência, em casos mais graves.

“Esse tipo de quadro precisa de tratamento emergencial, pois tem progressão rápida e pode levar à morte dentro de um período de 24 horas", completa.

Como é o diagnóstico?

O histórico do paciente e o exame neurológico fornecerão dados sobre os sintomas e causas relacionadas. Caso sejam observadas (ou relatadas) as manifestações mencionadas acima, para averiguar a presença de edema e investigar sua origem, o neurologista poderá solicitar exames de imagem como tomografia e ressonância magnética com o uso de contraste venoso.

Como é o tratamento para edema cerebral?

O tratamento se dá em ambiente hospitalar e o objetivo é reverter a principal complicação do edema cerebral, a hipertensão craniana. A abordagem varia de acordo com a causa do problema e pode incluir particularidades como:

Em caso de AVC extenso: medicações venosas e, em casos mais graves, cirurgia para reduzir a pressão; Em caso de hiponatremia: correção gradual das taxas de sódio; Em caso de processos infecciosos como meningite: uso de antibióticos ou antivirais associados a corticoide; Em caso de trombose venosa: anticoagulante.

Atendimento neurológico no Hospital São Lucas Copacabana e no Centro Médico São Lucas

Nossa equipe multidisciplinar experiente, que atende no Centro Médico da Gávea, é focada no acolhimento humanizado, diagnóstico e acompanhamento de pacientes com os principais quadros neurológicos. Também contamos com tecnologia diferenciada para a realização de exames e procedimentos ágeis e seguros, que muitas vezes são essenciais para aumentar as chances de recuperação do paciente.

Já no Hospital São Lucas Copacabana, o neurologista atua em casos urgentes de doença cerebrovascular como na fase aguda de acidente vascular cerebral (AVC); intervindo com procedimentos como a trombólise endovenosa e a orientação para abordagem por trombectomia para remoção mecânica de coágulo oclusivo de artérias intracranianas. Nesse último caso, a equipe radiointervencionista é convocada para a abordagem intravascular.

Além das afecções cerebrovasculares, outras condições são recorrentes na atenção neurológica, como manifestações inflamatório-infecciosas do sistema nervoso, cefaleias refratárias e quadros epiléticos. Atenção importante também é dada às intercorrências neurológicas geradas por complicações de doenças sistêmicas. Atualmente somos o único hospital a utilizar o aparelho Axion Arts Siemens no tratamento de pacientes neurológicos, capaz de visualizar imagens em 3D em tempo real. Para marcar uma consulta ou saber mais sobre a Neurologia do Centro Médico do Hospital São Lucas, no Shopping da Gávea, consulte nossos canais de atendimento.

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